Gastroenterologista infantil em Belo Horizonte, Nova Lima, Nova Serrana e Divinópolis

Quanto de Tela é Demais? Os Efeitos do Uso de Tecnologia nas Crianças

Vivemos uma transformação sem precedentes. A tecnologia está cada vez mais presente no cotidiano das famílias, alterando a forma como crianças brincam, aprendem e interagem. Apesar dos benefícios que os dispositivos eletrônicos oferecem, o uso inadequado e excessivo das telas traz riscos consideráveis ao desenvolvimento infantil.

Como pediatra, minha missão é orientar as famílias a encontrar o equilíbrio, promovendo o uso consciente e saudável da tecnologia.

Como as Telas Afetam o Desenvolvimento das Crianças?

O cérebro infantil está em pleno desenvolvimento, principalmente nos primeiros anos de vida. Nessa fase, a criança precisa de estímulos reais — toque, olhar, voz humana, movimento — para formar conexões neurais essenciais. O uso excessivo de telas interfere nesse processo.

Estudos recentes demonstram que crianças expostas precocemente e de maneira intensa às telas apresentam:

  • Atraso na fala e na linguagem: a interação passiva, típica do consumo de vídeos e jogos, não substitui a comunicação ativa com os pais e cuidadores.
  • Problemas emocionais e comportamentais: aumento da irritabilidade, dificuldades para lidar com frustração e comportamento agressivo.
  • Déficits na atenção e hiperatividade: dificuldade em se concentrar em atividades simples e necessidade constante de estímulos rápidos.
  • Comprometimento do sono: a luz azul emitida pelas telas altera o ciclo natural do sono, levando à insônia ou sonolência diurna.
  • Risco aumentado de obesidade infantil: o sedentarismo associado ao tempo de tela reduz o gasto calórico e favorece hábitos alimentares inadequados.

Recomendações de Tempo de Tela

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) oferecem orientações claras:

  • Crianças até 2 anos: Nenhuma exposição a telas, exceto videochamadas supervisionadas.
  • Crianças de 2 a 5 anos: Tempo limitado a no máximo 1 hora diária, com conteúdo de alta qualidade, assistido junto com os pais.
  • Crianças a partir dos 6 anos: Definir limites firmes para o tempo de uso, sem prejuízo do sono, da atividade física e das interações sociais.

Essas orientações não se baseiam apenas no número de horas, mas também na qualidade do conteúdo consumido e na forma de interação da criança com a tecnologia.

O Que Acontece Quando Não Existem Limites?

Sem a devida orientação, o uso indiscriminado de telas pode gerar dependência comportamental. Crianças que passam muitas horas em frente a dispositivos tendem a:

  • Ter dificuldade em se entreter sem o uso de eletrônicos.
  • Apresentar crises de irritação ou agressividade quando privadas dos aparelhos.
  • Reduzir sua capacidade de brincar de forma criativa e espontânea.
  • Ter uma percepção distorcida da realidade, dificultando a construção de habilidades sociais.

Além disso, o contato precoce e intenso com conteúdos inadequados, como violência ou material adulto, pode impactar negativamente a saúde mental das crianças.

Estratégias para Uso Saudável da Tecnologia

Proibir totalmente o acesso não é a melhor solução. O importante é estabelecer regras claras e criar oportunidades para o uso positivo da tecnologia. Algumas estratégias que oriento no consultório:

  • Co-visualização: Assista junto com a criança e converse sobre o que está vendo.
  • Escolha de conteúdos apropriados: Prefira programas educativos, aplicativos de leitura, ciência, arte e criatividade.
  • Estabelecer horários sem tela: Principalmente durante as refeições, antes de dormir e em encontros sociais.
  • Estimular atividades alternativas: Incentivar brincadeiras ao ar livre, esportes, leitura e jogos de tabuleiro.
  • Dar exemplo: O comportamento dos pais é o maior modelo para as crianças.

A criação de uma “higiene digital” começa na infância e pode prevenir diversos problemas futuros, incluindo dependência digital e transtornos emocionais.

Conclusão: Tecnologia com Consciência

A tecnologia não precisa ser vista como vilã. Ela pode ser uma grande aliada na educação e no desenvolvimento, desde que usada com responsabilidade e bom senso. O papel dos pais é fundamental para mediar essa relação e garantir que a infância seja rica em experiências reais, afetos e movimento.

Lembre-se: o equilíbrio é a chave. Se você tiver dúvidas sobre o uso de telas ou perceber comportamentos que preocupam, converse com o pediatra de confiança. Estamos aqui para ajudar você a construir uma infância saudável e feliz para seu filho.

Veja todos os artigos em: https://dralizcustodio.com.br/blog/

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